terça-feira, 30 de junho de 2009

Felipe Liberal || A Teletela, a Verdade e a Mentira

Lá pelos idos de 1948, um “vidente feiticeiro” inglês de nome mentiroso chamado George Orwell, escreveu um livro que abalou o mundo e pouca gente conhece. A obra 1984 parece ser um livro de magia, uma previsão de um tempo triste, onde nós somos dominados por um regime invisível chamado de Grande Irmão (Big Brother), e vigiados por uma caixa de madeira que dita ordens, a Teletela. Apelidada por nós, humanos e mortais, de Televisão, a caixa de madeira ganhou força, move montanhas, abre mares e define quem vive e quem morre.

Deus inventou a mediocridade humana e o Diabo inventou a televisão (ou foi o contrário?), que caminha de mãos dadas com a publicidade e propaganda. Mas a televisão mata? A publicidade assassina?

Quando a televisão e a Renault, na década de 90 do século XX, esconderam os níveis de poluição em Paris (causados principalmente pela emissão de gases dos carros), morreram dezenas de pessoas por problemas respiratórios. Se a mídia mostrasse todas as atrocidades cometidas contra os palestinos nas redondezas do Estado de Israel, milhões de vítimas poderiam ser evitadas.

A televisão não mostrou quando, em 1979, o arcebispo de El Salvador, Oscar Romero, viajou para o Vaticano mendigando uma audiência com o papa João Paulo II para denunciar as atrocidades que o regime militar de direita estava fazendo com a população salvadorenha. Ninguém ouviu nada. Oscar também bateu na porta de várias emissoras de televisão da Itália, mas ninguém ligou. Sem falar das omissões das emissoras brasileiras durante o nosso regime militar, favorecendo todas as torturas e desaparecimentos.

Alguém sabe que a empresa inglesa Hugo Boss vestiu o exército nazista no front de batalha e nos campos de concentração? Você sabia que os prisioneiros dos campos de concentração nazistas trabalharam – de graça – nas fábricas da Volkswagen, BMW, Siemens, Bosch e Krupp? E que os aviões nazistas voavam com o combustível da Standard Oil e seus soldados viajavam em caminhões e jipes da Ford? Não sabia? Claro que não! A publicidade escondeu tudo e comprou todos, levando ao saldo de cinco milhões de vidas queimadas, torturadas e humilhadas nos campos de extermínio.

O novo EUA, versão 2009, já fez três intervenções militares onde causou mais de 200 mortes, em apenas cinco meses de governo do presidente muçulmano. Sem esquecer as 73 intervenções que fez o “presidente da paz”, Bill Clinton, durante seu governo. Apenas duas dessas intervenções foram divulgadas.

São inúmeras as notícias que não existem, ficaria o dia todo escrevendo, que mesmo assim não teria fim. Não existem porque não são transmitidas pela caixa de madeira. Vivemos num mundo virtual, camuflado e mentiroso. O mundo real está em outro lugar, inacessível e desconhecido.

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Felipe Liberal é Graduado em História pela Universidade Católica de Pernambuco e Pós-graduado em Ciência Política. Dá palestras sobre temas de História, Política e Geopolítica brasileira e internacional.

4 comentários:

rick pontes disse...

poxa..eu sou publicitário!

mitre disse...

Gostei do texto. gosto muito do escritor George Orwell...só não entendi porque o nome mentiroso??

Maria S. disse...

é a teletela!

Felipe Liberal disse...

Oi Mitre,

O nome George Orwell é um pseudônimo dele. Seu nome verdadeiro é Arthur Blair. Por isso usei o termo "mentiroso" no artigo.

Um abraço!